bubby costa
galeria virtual das imagens criadas, catalogadas e autenticadas pelo autor
Apresentação
Qual a diferença entre o Bubby de hoje e o de tantos anos atrás? Ele ficou mais velho, chegaram-lhe cabelos brancos. Essa é a resposta fácil. A resposta verdadeira seria: o Bubby não mudou nada. E, de certa maneira, mudou tudo. Mudou nada porque o mundo do Bubby artista-fotógrafo continúa a girar em torno mesmo tema, o recorrente: mulher. É que nem Fellini, quando uma vez respondeu que sempre fazia o mesmo filme. Com as variações que a percepção, a maturidade vai afinando, tornando-se o artista cada vez mais sofisticado na exploração de sua visão favorita. “O universo feminil é minha inspiração”, diria o Bubby. Ele dissolve, dilui as imagens de lindas mulheres em camadas de neblina, tornando-as material de sonho. Igual homeopatia, onde o princípio ativo fica cada cada vez mais forte, a cada diluição. Às vezes, o artista sutil perde o gume da sua observação poética – e ele parte para a violência carnal, explícita, pornográfica. Aliás, pornográfica dependendo de quem vê. Eu, eu pessoalmente, vejo paixão nas pernas entreabertas de mulheres oferecidas que querem judiar do tesão dos homens. A arte do Bubby te puxa para o lado dele, o anti-burguês, anti-convencional. Você vira voyeur, que nem quando você folheava revistas Playboy no banheiro. Aliás, muitas daquelas mulheres-objeto, inalcansáveis, vinham à você através das lentes do Bubby. Ele fotografa um pepino, por exemplo. Juro que não se parece com um pepino. Uma cebola cortada ao meio, toda aberta, um repolho com múltiplas reentrâncias? Pode crer, nada ali é fruti-granjeiro, dessas verduras que se compram em feira. Tudo, pelo olhar irônico do Bubby , tem conotações que se aprende a perceber. Ele também faz abstrações, recorta figuras, recria visões. Um bom gosto de dar raiva. Tem bastante escritores que ganharam essa fama de bad boys. O palavrão, dito por eles, ganha respeitabilidade literária. Vira uma explosão verbal necessária, que ajuda a compreender o contexto. Paixão é isso, não é coisa para quem trabalha contando os dias que faltam para chegar no fim de semana. O cotidiano pobre, o papai-mamãe não fazem parte do psicologismo desse velho iconoclasta. Aos poucos, ele foi-se libertando dos nós bem amarrados que a vida vai apertando, que nem jibóia. Foi largando inutilidades pelo caminho da vida, que hoje ele está quase pronto para sair do samsara. Suas conecções com o cotidiano foram-se esgarçando. Muitas lembranças, quando fala das coisas havidas. Tantas. Mas nenhuma mágoa, só reconhecimento do destino, o que foi, foi, inelutàverlmente. E o futuro, Bubby? Ele abana a cabeça, vale o hoje. E enquanto os hojes se repetem, o artista vai fotografando, processando suas fotos, pintando nelas, pintando fora delas.
Destino de homem sábio, que já fez de tudo, muito de tudo. Suas mulheres, reais ou imaginárias, vão ganhando molduras, de todas as cores e texturas. Penduradas nas paredes, elas estão lá, elas são dele, para sempre.
por: Enio Mainardi